Conhecido no Brasil por desenvolver afosfoetanolamina sintética, popularmente chamada de "pílula do câncer”, o professor aposentado do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) Gilberto Orivaldo Chierice morreu aos 75 anos, nesta sexta-feira (19). As informações são do portal G1.
Ele estava internado no Hospital Instituto de Moléstias Cardiovasculares, em São José do Rio Preto (SP). A causa da morte não foi informada. O corpo será velado no Velório Municipal de São Carlos e o sepultamento está marcado para este sábado (20), às 9h45min, no cemitério Nossa Senhora do Carmo.
Nascido em Rincão (SP), Chierice se formou em química pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Unesp de Araraquara (1969), realizou mestrado (1973) e doutorado (1979) em química pela USP, na capital. Em 1976, ingressou no quadro de docente da USP de São Carlos e se aposentou em 2013 como professor titular.
Foram 37 anos de trabalho dedicados à USP
No final dos anos 1980, ele desenvolveu um polímero a partir do óleo de mamona, que era perfeito para fabricar próteses bem mais baratas que as de silicones e que também não causavam rejeição. O trabalho que deu a ele, em 1996, reconhecimento como um dos cem melhores cientistas brasileiros dos últimos cem anos.
Em nota, a diretoria do Instituto de Química da USP lamentou a morte do professor. "Foram 37 anos de trabalho dedicados ao Instituto, desde seus primeiros anos no curso de bacharelado em química, até a consolidação do programa de pós-graduação em química analítica, do qual foi orientador de dezenas de mestres e doutores. Os professores, alunos e funcionários do IQSC expressam suas condolências aos familiares e amigos do Prof. Gilberto e esperam que todos consigam encontrar amparo neste momento de tristeza".
Por 20 anos, Chierice produziu e distribuiu gratuitamente a fosfoetanolamina. A pesquisa em seu laboratório chegou a distribuir 50 mil cápsulas por mês, mesmo sem testes clínicos comprovados em humanos.
Segundo o próprio professor, a fosfoetanolamina é a combinação de uma substância muito comum, utilizada em muitos xampus de cabelo, chamada monoetanolamina, e o ácido fosfórico, que é um conservante de alimentos.
Distribuição foi suspensa
Em 2015, o assunto gerou polêmica envolvendo a USP e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proibiram a distribuição da fosfoetanolamina a pacientes que entraram na Justiça para ter direito ao composto.
Em dezembro, o Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp) anunciou a coordenação da pesquisa para testar a substância. A universidade fechou o laboratório em abril de 2016 e suspendeu a distribuição até que obtivesse o registro junto à Anvisa que, por sua vez disse que não identificou processo formal para a avaliação do produto em seus registros.
Em abril de 2016, apesar de a Anvisa ver com preocupação a liberação sem garantia de eficácia e segurança, a então presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou a lei que autorizava o uso da substância por pacientes diagnosticados com tumores malignos.
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