Antes
mesmo de a chave ser entregue para o Rei Momo, no Campo Grande, na
quinta-feira, o circuito Osmar exalava um cheiro floral. Pela nova lei
municipal, esse aroma só poderia mudar pelo de suor e de cerveja, já que
foi decretada a caça aos mijões de rua, que, se pegos, recebem multa de
R$ 1.008,45. No entanto, como a quantidade de fiscais é reduzida (são
40 agentes que se dividem nos dois circuitos), o folião consciente
também assume o papel de fiscalizador. A professora Rosângela Nunes, 54,
não ganha nada por isso (além de uma avenida limpa), mas chama a
atenção de quem faz xixi fora do lugar. “Eu estava passando pela
Avenida Sete quando vi o menino mijando na porta de uma loja. Eu disse
‘Ô, meu filho, aí é lugar? Com tanto banheiro...’”, contou ela. A
coordenadora da operação de limpeza da prefeitura, Ivelise Cristina,
garante que já houve foliões multados e que a operação tem dado
resultado. No entanto, até ontem, não havia a confirmação do número de
multas, o que só deve acontecer entre hoje e amanhã. “Estamos nas
proximidades dos circuitos, em pontos estratégicos e a fiscalização tem
ocorrido”, afirmou. avaliação A simples existência dos fiscais este ano
já fez com que o assunto fosse um dos comentários do Carnaval,
principalmente nas proximidades dos banheiros. “Se tem banheiro, não
dá para sermos incivilizados. Tem mulheres e crianças na rua também e
ninguém é obrigado a se deparar com ninguém com o pinto na rua”,
comentou a vendedora Célia Souza, 33, próximo a banheiros no Campo
Grande. Alguns homens acham a medida drástica. “Os banheiros ficam
muito sujos, eu mesmo já mijei atrás de um sanitário químico, depois de
entrar e ver uma situação tão deplorável que não dava para urinar lá
dentro”, retrucou o motorista Cleiton da Paixão, 26, também no Campo
Grande. Essa repercussão, para a secretária de Ordem Pública municipal,
Rosemma Maluf, é positiva. “Claro que o número de fiscais para a
quantidade de foliões não é expressiva, mas é um começo para uma
mudança cultural”, opinou. “As pessoas estão falando sobre a nova lei. É
só um primeiro passo”, afirmou. A Limpurb estima com base em anos
anteriores que durante os sete dias de folia, são produzidos, em média,
16 milhões de litros de urina - desse total, apenas 4,8 milhões são
recolhidos nos sanitários químicos. Foram instalados 2 mil módulos
químicos pela prefeitura nas ruas, além de 50 contêineres (são 442
posições nesses locais).